O Novo Ensino Médio surgiu com o objetivo de desenvolver competências e habilidades dos estudantes, preparando-lhes para tudo aquilo que o futuro reserva. Entre os desafios vindouros consta algo que faz até gente grande tremer na base: o mercado de trabalho. Nesse sentido, as escolas devem trabalhar um componente curricular cujo nome já diz tudo: PROJETO DE VIDA.
A Base Nacional Comum Curricular inclui o Projeto de Vida como uma de suas 10 competências gerais. Mas se engana quem pensa que esse componente deve ser tratada apenas no Ensino Médio. Ela percorre toda trajetória escolar como um fio.
Mas, afinal de contas, o que é projeto de vida?
Quem nunca ouviu, durante a infância, a clássica pergunta: o que deseja ser quando crescer? No entanto, o projeto de vida vai além de pensar uma profissão. Essa organizar, junto com o aluno, planos que visem à formação de um cidadão responsável na sociedade e com a sua própria felicidade.
Muito mais do que estimulá-lo a pensar sobre qual profissão ele deseja ter, o projeto de vida busca fazê-lo refletir sobre quem ele deseja ser. Obviamente essa questão perpassa a carreira profissional, mas não se limita a ela.
No projeto de vida, o aluno deve pensar em seu propósito, seus critérios de bem-estar, suas ambições e suas necessidades. E cabe a escola, em sintonia com a família, prepará-lo academicamente e emocionalmente para realizar os feitos para os quais seu coração o chama.
O projeto de vida preza pela autonomia do aluno em sua trajetória e em suas escolhas de presente e futuro, fazendo com que descubra suas aptidões e assuma suas responsabilidades perante a sociedade e a si mesmo.
Para tanto, a instituição escolar (professores e gestores) deve se empenhar em atribuir sentido às aprendizagens, apresentar os desafios da contemporaneidade, dar a ver possibilidades de futuro, assegurar espaços e ferramentas de desenvolvimento, estimular a cooperação entre os estudantes a fim de desenvolver o aspecto social de cada um deles e incentivar a formação de identidade.
Como escolas e alunos podem trabalhar neste sentido?
1. Crie ambientes de escuta ativa
É papel do professor e da gestão aumentar os espaços para escuta e orientação dos adolescentes. É no ouvir que podemos entender os sonhos dos estudantes. Se seu aluno deseja conhecer o mundo, planeje com ele possibilidades para isto. Liste opções de habilidades, conteúdos e carreiras que poderão levá-lo a diferentes lugares do planeta. Se o estudante sonha em abrir seu próprio negócio, o direcione para classes ou oportunidades em que ele poderá aprender noções básicas de empreendedorismo, administração e investimentos. Para os alunos, o conselho é que usem e abusem da orientação vocacional/profissional disponibilizada pela escola. Aprofundar-se em temas como liderança ou focar-se em adquirir competências específicas é um excelente caminho.
2. Mente aberta para expectativas ambiciosas
É importante que o professor não menospreze o sonho do aluno. Ainda que sua visão para o futuro pareça fantasiosa, não desmotive. Educadores e gestores devem impulsionar estas ambições, ainda que sendo realistas quanto às probabilidades e dificuldades que serão enfrentadas para vencer o caminho escolhido. A escola deve investir em atividades de autoavaliação. Assim o estudante poderá refletir e ponderar sobre seu desempenho, seu papel social e seus próprios desejos para o futuro constantemente. O aluno, por sua vez, frente a estas oportunidades, deve estar aberto a adaptar-se e a iniciar no presente passos que já podem ser realizados em seu “projeto de vida”.
3. Fornecer estrutura adequada
Na implementação de um ambiente voltado para a construção de um “projeto de vida” a escola tem a responsabilidade de disponibilizar estruturas adequadas. Criar oficinas e laboratórios voltados para conteúdos específicos é essencial. Além de manter a motivação do estudante, estas iniciativas o ajudarão, de fato, a encontrar possibilidades reais para seu futuro. Adolescentes vivem uma fase de inseguranças, grandes decisões, mudanças físicas e comportamentais. Quando a escola se preocupa em criar espaços em que estas dúvidas podem ser analisadas sob diferentes perspectivas, o estudante será capaz de ajustar suas expectativas às oportunidades.
O mundo é um espaço dinâmico e multicultural que exige (cada vez mais) capacidades de adaptação e mudança. Mas a organização e visualização de possibilidades é sempre o caminho correto para enfrentar isso com sucesso. Gestores, que tal conferir 5 tópicos para não esquecer na hora de estruturar o “projeto de vida” com seus alunos?
- Elabore um currículo colaborativo que conte com a participação dos docentes, pais e dos próprios alunos quanto ao que trabalharão no ano letivo;
- Invista em atividades interdisciplinares que possam ajudar o aluno a conectar diferentes conceitos, campos, habilidades. Este é o caminho do profissional do futuro;
- Não poupe no uso de tecnologias e instrumentos digitais no processo educacional;
- Separe datas especiais para oficinas, palestras e cursos rápidos que direcionados aos alunos e também à comunidade;
- Nunca se esqueça de conectar as habilidades socioemocionais do grupo com os conteúdos técnicos.
Diante desse cenário, o projeto de vida se torna muito mais do que um componente curricular e começa a funcionar como uma missão da instituição escolar, a comunidade familiar e os próprios estudantes.