Com o segundo semestre do ano começando entram em marcha, também, os procedimentos finais para aqueles que irão passar por processos seletivos rumo à nova fase escolar: o ensino superior. No Brasil, a entrada nas universidades acontece via provas ministradas pelas respectivas instituições e, também, a partir dos resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (o ENEM). Ambos os exames visam a mensurar conhecimentos adquiridos pelo aluno durante o Ensino Médio. Para quem irá enfrentar esta jornada, conhecer os sistemas de avaliação, suas regras e possibilidades, é essencial. Mas além disto, há a possibilidade de estudar fora do país. Sem dúvida algo que agrega pontos no currículo.
Já pensou em se graduar-se em alguma instituição de outro país? Que tal saber um pouco mais sobre como acontecem alguns processos seletivos fora do Brasil? Mesmo que você não tenha a pretensão deste tipo de intercâmbio, é curioso aprender como funcionam as seletivas para jovens que vivem em outras realidades. Em alguns lugares os processos são bem inusitados, e há países que, sequer, aplicam provas. Vamos conferir?
1. Estados Unidos
Não é segredo que nos EUA estão algumas das mais renomadas universidades do mundo. Bons exemplos são Yale, Harvard, Stanford, etc. As seletivas em terras norte-americanas são parecidas com o sistema brasileiro. O estudante deve realizar exames para entrar no Ensino Superior. No entanto, para além da já conhecida prova há outras etapas. O aluno deve redigir um currículo contando quem é e as atividades extracurriculares realizadas até então. É o caso de voluntariados, projetos comunitários e outros tipos de programas, por exemplo. Além disto, para a avaliação é exigida uma carta de recomendação de professores que conhecem o estudante. O vestibular, propriamente dito, consiste, na verdade, em dois tipos de exames. O aluno pode optar por um dos dois. O Scholastic Aptitude Test (SAT), que cobra conhecimentos de redação, leitura crítica e matemática; ou o American College Testing (ACT), que avalia noções de inglês, leitura, ciências e matemática. Brasileiros que desejam estudar nos EUA precisam realizar um destes exames, provar proficiência em língua inglesa, além de ter cartas de recomendações de professores, redigidas em inglês. Lembre-se: as atividades extracurriculares são essenciais.
2. Austrália
Para entrar em uma universidade australiana é preciso ter o Australian Senior Secondary Certificate of Education (Year 12) – o equivalente a nosso certificado de conclusão do Ensino Médio. A avaliação de entrada consiste em um ranqueamento que analisa os resultados alcançados pelo aluno durante os últimos anos escolares. A partir da nota recebida no ranking, a instituição decide aceitar (ou não) o aluno em seu corpo discente. Para aqueles que não estudaram na Austrália (e portanto não tem resultados para o ranking), ou que não puderam realizar a avaliação, há uma prova chamada The Special Tertiary Admissions Test (STAT), que cobra habilidades de raciocínio e pensamento crítico. O exame também é valido para os que desejam estudar no país vizinho, a Nova Zelândia. Se você sonha em estudar na Austrália, pesquisa universidades e seus requisitos de entrada para estrangeiros. Tenha um teste de proficiência em inglês e o diploma do Ensino Médio.
3. França
O processo de seleção na França é realizado por meio de uma prova similar ao ENEM brasileiro. A Baccauléarat acontece, anualmente, no mês de junho. O exame é aplicado ao fim do Ensino médio e seu objetivo é mensurar determinados conteúdos aprendidos durante os anos escolares e que se relacionam à área de estudo desejada pelo aluno. As notas são agrupadas em 3 níveis: “suficiente”, “bom” e “menção honrosa”. Dependendo da nota recebida ele será aceito em instituições mais ou menos prestigiadas. Na França, há ainda, casos especiais, as Grandes Écoles (grandes escolas). São as universidades mais renomadas, como é o caso da Sorbonne. Para ser aprovado, neste caso, o aluno precisa realizar um curso preparatório de 2 anos (anteriores à prova), além de ter recebido “menção honrosa” na avaliação seletiva. É interessante saber que algumas universidades francesas aceitam o ENEM para ingresso de estudantes brasileiros. Ainda assim, é preciso provar proficiência em francês, excelente histórico escolar e aprovação prévia em universidade do Brasil.
4. China
Você sabia que o vestibular chinês é o maior exame de acesso ao Ensino Superior do mundo? Conhecida como Gaokao, a avaliação tem alto nível de dificuldade e é a única forma de ingressar nas universidades do país. O exame cobra conhecimentos em mandarim, inglês e matemática, obrigatoriamente, além de questões específicas, relacionadas à área de estudo escolhida pelo aluno (ciências humanas ou da natureza). Também é preciso escrever uma redação dissertativa, com base em um dos dois temas sugeridos. Uma curiosidade interessante é que durante o exame (que dura dois dias), as ruas próximas aos locais de aplicação das provas são interditadas. O objetivo é evitar barulho e movimentação, pois o silêncio é considerado essencial neste importante momento da vida estudantil. Brasileiros que desejam estudar na China devem realizar inscrição na instituição almejada e concorrer a uma bolsa de intercâmbio. Além disto, devem provar proficiência em inglês ou mandarim.
5. Argentina
O processo seletivo de nosso vizinho é inexistente. Ou seja, não são necessárias provas para acessar ao Ensino Superior. O único requisito é ter o certificado do Ensino Médio. Para estudar em universidades públicas argentinas basta, apenas, apresentar a documentação solicitada no momento de inscrição. Mas saiba que o aluno não iniciará, imediatamente, o curso escolhido. Antes é preciso realizar o Ciclo Básico Comum (CBC), que dura um ano. Neste período serão cobrados conhecimentos em ciências humanas, biológicas e exatas. Se for aprovado neste ano escolar ele poderá continuar na área almejada. Pela ausência do exame, universidades argentinas se tornam cada vez mais populares entre brasileiros. Se você deseja estudar no país vizinho é necessário, apenas, ter o diploma de Ensino Médio e o DNI (Documento Nacional de Identidade), emitido pelas autoridades migratórias, sem grandes burocracias.
6. Reino Unido
Para entrar em uma universidade pública do Reino Unido é preciso participar do Serviço de Admissão de Universidades e Faculdades (UCAS). Neste caso, o aluno realiza uma avaliação de conhecimentos gerais e com a nota recebida pode inscrever-se na instituição desejada. Além da nota da prova, as universidades exigem uma redação, bem como o envio de outras informações importantes (histórico escolar e atividades extracurriculares). A última fase da seletiva consiste em uma entrevista, que definirá, ou não, a aprovação do candidato. Com a nota recebida no UCAS o aluno pode inscrever-se em 5 instituições diferentes, selecionando, preferencialmente, o mesmo curso em todas. Para estudantes brasileiros, é interessante saber que o ENEM é aceito em algumas universidades britânicas. Mas vale lembrar: instituições de renome, como Cambridge e Oxford não consideram o ENEM e, além do mais, exigem cartas de recomendação e motivação, boas notas no Ensino médio e proficiência comprovada em inglês.
7. Japão
O processo seletivo japonês é considerado um dos mais rigorosos do mundo. É feito de várias fases. A primeira consiste em uma prova que cobra conhecimentos em matemática, língua e literatura japonesa, inglês, física, química e estudos sociais. Para prosseguir na seletiva o aluno deve ser aprovado em todas as avaliações anteriores. Caso seja qualificado, pode continuar o processo de seleção diretamente na instituição escolhida. Como no caso do ENEM, a nota da primeira fase pode variar de 0 a 1000 e universidades renomadas do Japão tem notas de corte altíssimas (a partir de 750 pontos). Para brasileiros que desejam estudar na Terra do Sol Nascente o recomendado é fazer contato diretamente com a universidade desejada. O país não conta com um sistema unificado de avaliação para estrangeiros. É interessante saber que muitas bolsas para estudantes internacionais são oferecidas pelos ministérios da Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia, e Esportes do Japão.
E aí, gostou das informações e curiosidades? Pronto para encarar a possibilidade de estudar fora do país? Caso não seja seu desejo, não importa! É interessante perceber que nosso sistema seletivo está em correspondência com os melhores processos realizados no mundo. Lembre-se: se você é terceiranista, fundamental é preparar-se com paciência e estar atento a todas a regras e exigências dos vestibulares brasileiros e do ENEM. Boa sorte!