Nenhum corpo funciona sem o coração, assim como nenhuma escola funciona sem a coordenação pedagógica. Esse departamento faz pulsar o ensino e a aprendizagem, conduz o relacionamento entre família e instituição, se atenta às necessidades dos estudantes. Sua importância tem caráter vital para toda comunidade escolar, principalmente após a pandemia assolar nossa sociedade.
Os coordenadores pedagógicos executam funções de organização e inspiração. A coordenadora do Colégio Unasp, campus São Paulo, Elaine Bertazo, está há 17 anos nessa execução e compartilha conosco o dia a dia de seu trabalho que ainda vive o processo de retomada e adaptação após o isolamento social.
SIE: Quais são as principais funções do coordenador?
EB: Um coordenador pedagógico tem que ter um bom relacionamento com os professores, além de ser a ponte entre o diretor e os pais. Ele tem que ter sensibilidade para entender quais são as dificuldades e os potenciais do professor a fim de aproveitar ao máximo suas habilidades e proporcionar mecanismos nos quais cresça, bem como orientar nas dificuldades a fim de superá-las. Ele acompanha todo o processo de preparo das aulas e documentações das atividades avaliativas. Acompanha também o professor em aula e verifica se está dentro da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), se está fora do contexto, se está seguindo as propostas da escola. Ele cria projetos com os professores e assim o crescimento pedagógico acontece. Esses projetos vão só culminar num ritmo de aprendizado maior. Ele também vê se tem uma liga entre aluno e professor, afinal o aluno não aprende sem relacionamento.
SIE: Quais são os maiores desafios?
EB: O maior desafio é o equilíbrio da demanda. Ela é gigantesca! A gente tem que ter o equilíbrio no fazer, no atuar, no descansar, no dizer não, no dizer sim. Nosso trabalho não tem fim. Chega no final do dia e a gente tem que tomar cuidado para não se sentir frustrada, porque você planejou e não conseguiu fazer. A dinâmica da escola é muito intensa. É uma rotina que te surpreende a cada momento. Um outro desafio também é o de não ser um especialista. Eu poderia ajudar melhor um professor se tivesse domínio da disciplina dele. Ainda outro desafio: a coordenação é um elo de administração do diretor, do professor, do pai e do aluno. A gente está ali no meio tentando ajustar o relacionamento para que ambas as partes compreendam o objetivo das aulas, da avaliação, dos projetos.
SIE: Pós-pandemia, como está sendo o trabalho?
EB: Uma loucura! Os alunos vieram com uma defasagem imensa. Há cronogramas e livros que precisamos adaptar, porque eles ficaram longe da escola durante dois anos. Tem sido muito complicado! Alguns professores perderam o ritmo de sala de aula, porque ficaram muito tempo só na telinha. Nos primeiros meses de retorno presencial foi muito difícil. Alunos indisciplinados, sem rotina, sem vontade, um desânimo total. Vemos hoje que o ensino ficou muito mais complicado do que era. A meta é trabalhar essa defasagem. O professor contemporâneo tem que ter técnicas diferentes, formas diferentes, avaliações diferentes. Durante a pandemia, ele teve que se adaptar às novas e ferramentas e pós pandemia, deve se adaptar novamente, porque o ensino não consegue ser o mesmo de antes.
Um novo coração
Os coordenadores pedagógicos estão entre os profissionais que tiveram suas rotinas e demandas alteradas definitivamente pela pandemia, mas com o jogo de cintura que sempre tiveram, conseguem se renovar para continuar pulsando a educação e a pedagogia dentro da escola.