Para aqueles que acreditam não ter boa memória, aí vai uma boa dica: o cérebro é um músculo que pode ser treinado e aprimorado. Por cansaço, desmotivação ou variadas pressões, muitos estudantes têm dificuldade de encontrar caminhos eficientes para reter conteúdo. Aprender técnicas de assimilação eficazes pode ser um excelente caminho para obter sucesso no aprendizado. Que tal investir em mecanismos práticos de memorização?
Os processos de memorização dependem de quatro grandes etapas.
1. Atenção: Toda informação entra no cérebro por meio dos receptores sensoriais que tem a capacidade de reter isto apenas alguns segundos. Neste curto espaço de tempo, o cérebro filtra o que considera importante para ser memorizado. A isto, chamamos de “absorção consciente” da informação. Despertada a atenção, nossa mente segue para o estágio seguinte.
2. Codificação: A informação que foi considerada digna de retenção passa, então, por um processo de codificação. É o momento em que os dados são transferidos para a “memória operacional”. A informação, nesta fase, fica disponível por até 20 minutos. Embora este tempo seja útil para ajudar em atividades imediatas, é preciso fazer com que os dados (se muito importantes) sejam transferidos para a memória de “longo prazo”. O que ocorre na etapa seguinte.
3. Armazenamento: Neste momento, o cérebro pode, sozinho, tomar a decisão de gravar os dados no “disco rígido”. É o caso de a informação se mostrar extremamente pertinente. Mas caso esta percepção não chegue naturalmente e você entenda que aquela informação é prioritária, é hora de recorrer a técnicas de memorização.
4. Recuperação: A importância de sistematizar as etapas anteriores está no fato de que elas impactam diretamente o modo de recuperação da informação em momentos posteriores. Quanto maior o intervalo entre o armazenamento e a recuperação, mais difícil pode ser acessar dados importantes. Portanto, na hora de codificar e armazenar, o uso de técnicas de memorização podem ser excelentes aliados para manter fresco na mente, sempre, tudo que importa.
Vamos aprender como fazer uso destas ferramentas?
1. Sair do “piloto automático”
Este é um exercício simples e eficaz para potencializar a memória. Mesmo que você tenha atividades diárias repetitivas, procure sempre realizá-las em novos percursos. Seja o caminho até a escola, a leitura de conteúdos, o ato de cozinhar um prato ou fazer anotações. Sempre busque novas formas de realizar as mesmas coisas. As mudanças não precisam ser radicais. Mas alterando pequenos detalhes do cotidiano, treinamos o cérebro para estar sempre focado e aberto a novas perspectivas.
2. Treine a concentração
Manter-se focado é importantíssimo em uma rotina de estudos. Sem ele, o estudante pode abrir espaço para procrastinação. Evite estudar com distrações ao redor. Música, televisão, ou objetos interessantes que podem chamar a atenção dos olhos. Se o conteúdo é complexo, divida em pequenas partes ou em tópicos. Centre a mente no tema geral do tópico e a partir dele desenvolva raciocínios mais aprofundados. Na hora de lembrar, o tópico central virá a mente, e você poderá resgatar o percurso mental realizado em outro momento com aqueles conteúdos.
3. Autoexplicação
Este é um ótimo exercício de memorização. Muitas vezes, quando estamos realizando uma leitura para assimilar dados é preciso voltar várias vezes às mesmas partes. Ler grandes trechos muitas vezes pode tomar bastante tempo. Uma forma de melhorar a retenção nestes casos é ler com atenção e sem pressa, determinado trecho, e na sequência, em voz alta, iniciar uma explicação do que foi lido para si mesmo, agregando reflexões e inferências. É como dar uma aula em que o aluno é você. Explique aquilo que foi lido do jeito mais simples possível. Desta forma, você estará, também, seccionando o conteúdo em tópicos pertinentes.
4. Fichamento e Resumo
Fichar um texto não é o mesmo que resumi-lo. Ambas as atividades podem ajudar na memorização. No resumo, o objetivo é criar uma versão menor, condensada, daquilo que foi lido/aprendido. No resumo, devem estar as informações mais úteis do conteúdo. Já o fichamento, é um tipo de dissecação do texto. O objetivo é criar uma série de tópicos (por meio de frases objetivas) que reduzam o conteúdo a elementos centrais e prioritários. Estas frases devem servir como “gatilhos mentais”. Ao retomá-las, você automaticamente irá associar as ideias utilizadas na hora de construir os tópicos e, automaticamente, resgatará o conteúdo como um todo. O fichamento também pode ser realizado por meio de mapas mentais, desenhos e com uso de cores variadas para tornar o esquema mais didático.
5. Memória Inversa
Antes de dormir, relembre tudo que ocorreu no dia, de fim ao início. Incluindo os aprendizados adquiridos. Tente se lembrar do máximo de detalhes. Este exercício aguça a memória recente, ativando o hipocampo que é responsável por produzir novas conexões e neurônios. Esta atividade, estimulada por pensamentos e emoções, tem capacidade ilimitada de expandir a mente e o armazenamento de informações. Nos estudos, fazer isto com conteúdos adquiridos no dia contribui muito para armazenamento a longo prazo.
6. Acrônimos
Acrônimos são palavras formadas pelas iniciais de frases ou fórmulas. Seu objetivo é tornar um conjunto de conceitos/palavras mais fácil de fixar-se na mente. Por exemplo: ONU é o acrônimo para Organização das Nações Unidas; e NASA condensa as iniciais de National Aeronautics and Space Administration. Acrônimos são úteis para abreviar nomes, como nestes casos, ou para sintetizar conceitos e até expressões físico/matemáticas. Esta é uma poderosa técnica de memorização que pode ser aplicada em vários momentos de estudo.
7. Flashcards
É uma das técnicas clássicas para memorizar. Consiste em criar fichas para estudo. Cada pequena ficha condensa o essencial de determinado conteúdo e pode ser retomada em variados momentos do estudo para trazer à memória conceitos e ideias necessárias. Serve para o estudo de idiomas estrangeiros, anatomia, fórmulas matemáticas, regras gramaticais, etc. Em um dos lados da ficha o estudante escreve a pergunta, no lado inverso estará a resposta síntese do conteúdo. Seu funcionamento imita um jogo de memória tornando-se ferramenta eficaz na retenção de conteúdos. A ideia é revisar as fichas diariamente ou, pelo menos, uma vez na semana.
Algumas práticas externas ao ambiente do estudo também fortalecem a memória. Exercitar a mente com jogos como quebra-cabeças, xadrez ou palavras-cruzadas são excelentes opções para potencializar a capacidade de retenção. Que tal experimentar algumas destas técnicas durante seu processo de aprendizagem? Os resultados podem ser impressionantes. Boa sorte!