Como tudo começou
O ano era 1812. Louis vivia o auge dos seus três anos de idade e, enquanto brincava com as ferramentas de seu pai, seu olho esquerdo foi atingido em cheio pela ponta de uma delas. Ele ficou severamente e irreversivelmente ferido. Além disso, a infecção de uma vista passou para a outra durante as tentativas de tratamento que não foram bem sucedidas. Esse acidente o transformou em uma pessoa com deficiência visual.
Louis teve que se adaptar a novos modos de viver após o acidente. Superou os obstáculos e ainda entregou um desempenho escolar extraordinário. Sua performance lhe rendeu uma bolsa em uma escola especial com foco em pessoas com deficiência visual. Lá, entrou em contato com um método de alfabetização que fora desenvolvido para cegos.
Funcionava assim: letras eram impressas em alto relevo para que fossem sentidas na ponta dos dedos. No entanto, ainda havia muito para melhorar, visto que muitos estudantes tinham dificuldades com essa metodologia.
Tudo começou a mudar quando Louis trouxe uma ideia vanguardista. A escrita e a leitura ainda tinham o alto relevo como base, mas os caracteres eram inscritos pela combinação de pontos e não pela forma de letras.
O método desenvolvido por ele foi aperfeiçoado e espalhado pelo mundo. Chegou ao Brasil por meio de José Álvares de Azevedo, um jovem que estudava no Instituto Real dos Jovens Cegos de Paris. Ensinou o que aprendeu lá fora e adaptou a metodologia de acordo com os trâmites da língua portuguesa.
O método criado por Louis e disseminado aqui por José se tornou mundialmente conhecido como Braille. A criação segue até os dias de hoje como referência de inclusão e de pedagogia. Através dele, pessoas com deficiência visual desenvolvem autonomia no que tange a escrita e a leitura, bem como conseguem se comunicar mais facilmente e democraticamente.
Curiosidades sobre este tipo de escrita
A escrita em Braille é feita na combinação de seis pontos dispostos em duas colunas e três linhas. Este sistema possui 63 caracteres diferentes e estes sinais podem representar um grande universo simbológico. O alfabeto, os números, sinais de pontuação e acentuação, fonética, informática, musicografia e até a simbologia científica.
Em Portugues, os sinais apesar de conservarem suas características originais, também recebem algumas adições. Pois em nossa língua, por exemplo, há algumas vogais acentuadas além de outros pequenos símbolos de escrita que são exclusivos do idioma.
A leitura é, obviamente, tátil e é feita da esquerda para a direita, passando letra por letra. Cada leitor pode optar se utilizará as duas mãos ou apenas uma. É uma questão de adaptação. Quando a escolha é pela leitura “bimanual”, cada mão fica responsável por ler até a metade do parágrafo descendo, então, para a linha seguinte do texto.
Porque aprender Braille
O sistema de leitura tátil e a escrita em Braille é o mais seguro, eficiente e completo métodos de acesso à informação e à educação por uma pessoa cega.
O sistema de leitura tátil e escrita braille é o mais completo, perfeito, seguro e eficiente meio de acesso à educação e à informação para a pessoa cega. É uma forma de inclusão social. Afinal, o preconceito já é uma grande barreira que isola a pessoa com deficiência visual do mundo e, sem acesso à informação, ela poderia ser condenada a uma vida com poucas perspectivas.
Pessoas que enxergam podem considerar uma necessidade ou apenas curiosidade ter este conhecimento. De uma forma ou outra, saber um pouco deste método é importantíssimo para que possamos contribuir com quem necessita de nossa ajuda em algum momento da vida. Além de possibilitar que nos comuniquemos com o mundo de forma ainda mais ampla.
Para quem deseja aprender (mesmo sem possuir dificuldades visuais), há cursos online gratuitos. Um exemplo é o Braille Virtual, proposta que intenta promover mecanismos para interligar cada vez mais pessoas de diferentes universos.
Olhamos para trás e contemplamos o Braille como referência, mas objetivamos ir além para alcançar uma sociedade cada vez mais justa e inclusiva. Que os avanços iniciados por Louis continuem!
